Autor: Ayelet Waldman
Título Original: Love & Treasure
Editora: Editora Leya
Nota: 5
Sinopse: Um deslumbrante medalhão e três homens: um capitão de infantaria americano, um israelense negociador de obras de arte roubadas pelos nazistas; um psiquiatra pioneiro de Budapeste do fim do século XIX. Suas vidas pacatas são viradas de cabeça para baixo por três mulheres fortes e independentes.
Uma história de personagens brilhantes, Amor e memória é o melhor romance de Ayelet Waldman: uma obra ricamente detalhada que levanta questões difíceis sobre o valor das coisas preciosas em um momento em que a própria vida parece sem valor, e sobre as correntes invisíveis que nos prendem aos sofrimentos e às paixões do passado.
Notas
Atributo | Nota |
Capa | 5 |
Enredo | 5 |
Escrita | 5 |
Personagens | 5 |
Final | 5 |
Classificação geral | 5 |
Resenha: Mesmo depois de alguns dias de ter lido esse livro ainda acho difícil resenhá-lo, e olha que eu fui resenhando eles aos pouquinhos porque fiquei morrendo de medo de esquecer algum detalhe e o livro tem tantos detalhes. Amor e Memória é um livro para ser lido aos poucos e saboreado, digerido sabe? Eu demorei sim para ler, mas não porque o livro era ruim ou porque ele era cansativo, mas porque eu senti que ele precisava de uma atenção extra em relação aos outros que eu estava lendo.
De todos os desastres causados pelo homem, sem dúvidas, o que mais me indigna é o Holocausto, eu não consigo me conformar que uma pessoa conseguiu acabar com a vida de milhares, como a loucura de um se tornou a loucura de um país inteiro… é tão triste, tão vergonhoso para toda a nossa espécie o que aconteceu. Todos os livros que falam sobre o Holocausto me tocam demais, mas em alguns casos, como A menina que roubava livros eu arrastei o livro porque a escrita não era dinâmica, mas a mistura que Ayelet construiu em Amor e Memória deu muito certo e tornou o livro emocionante.
A história começa em 1945, na Áustria, Jack é americano e judeu, depois da interrupção americana um trem é capturado com diversos pertences de judeus que foram tomados pelos nazista durante o Holocausto, esse é o famoso trem de ouro hungáro, tudo aquilo que o povo judeu conquistou durantes gerações se encontra nesse trem. Jack é o oficial que fica encarregado da missão de cuidar do trem. A tarefa parece simples, mas logo Jack percebe que terá que deixar seu caráter de lado para cumprir ordens de superiores. No ínicio esse ponto já foi algo que me chamou atenção, deu para sentir a dor de um soldado que é honesto e que luta contra sua origem, seu caráter e precisa colocar seu dever de cumprir as ordens de seus superiores em primeiro lugar – mesmo que essas ordens contrariem aquilo que ele sente que é correto.
Confesso que apesar de ter estudado por um bom tempo no colégio sobre o holocausto, eu não lembrava muito do que havia acontecido com os judeus na pós-guerra, o livro cita muitos fatos reais e diversos nomes de cidades, costumes e famílias judaicas, no ínicio foi difícil decorar tudo e me acostumar, além disso, haviam muitas palavras que eu não sabia o que significava, o kindle foi de grande ajuda na hora de pesquisar sem precisar interromper a leitura.
“Todo mundo odeia os judeus, inclusive os que negam isso. Inclusive os próprios judeus.”
Durante seu periódo de trabalho na Áustria, Jack conhece Ilona e se apaixona perdidamente pela húngara, mas a moça enfrenta muitos traumas devido ao Holocausto, existem tantas feridas e saudade de sua cidade natal e sua família. Jack não consegue aguentar as mãos e acaba por pegar um medalhão do trem hungáro que está descrito como ser de Nagyvárad, cidade natal de Ilona, sua determinação por agradar a mulher amada é tanta que ele arruma uma forma de justificar o furto.
Setenta anos depois, na beira de sua morte, Jack entrega para sua neta Natalie um lindo colar com uma medalhão com um pavão colorido e belissímo, Natalie já havia visto a peça, mas não poderia imaginar a história que estava por trás dela. Agora, para atender o pedido de seu avô, Natalie, precisa mergulhar na história e descobrir a verdadeira trajetória do medalhão.
“A cabeça de pavão de Komlós lembra um personagem da obra de Max Ernst, Loplop, um pássaro, De certa forma Loplop era o alter ego de Ernst. Quando escreveu sobre LopLop, Ernst disse que as primeiras visitas do pássaro aconteceram em 1930 e que depois disso ele começou a pintá-lo e desenhá-lo.”
*Max Ernest foi um artista alemão surrealista (claro, isso bem resumido).
Para ajudá-la em sua missão, Natalie é apresentada á Amitai, um israelense negociador de arte. Amitai trabalha há anos no mercado de recuperação e negociação de artes, sua principal atuação é encontrar objetos perdidos durante conflitos, principalmente, o Holocausto, encontrar as famílias herdeiras desses objetos e vendê-los, ganhando uma bela comissão por isso. No ínicio, Amitai parece apenas um mercenário sem nenhum valor sentimental, mas ao conhecer mais sobre o personagem outros questionamentos são colocados á mesa, porém, não vou citá-los porque não quero dar nenhum spoiler. Natalie também ajudará Amitai, afinal, a ruiva tem pistas de um quadro que o negociador procura há anos.
Durante a narrativa a autora vai e volta em décadas diferentes, eu gostei disso porque me ajudou muito a imergir na história e entender a trajetória do medalhão. Nos últimos capítulos tive uma surpresa incrível, a personagem sobre a qual eu fiquei mais curiosa tem sua história desvendada de uma forma engraçada e dinâmica através da análise de um terapeuta.
Amor e Memória não é um livro que você lê apenas para passar o tempo, é um livro que agrega conhecimento e valor a cada página virada, a leitura foi muito mais enriquecedora do que eu poderia imaginar quando escolhi o livro. Me fez respeitar ainda mais a história do feminismo mundial, acredito que hoje poucas mulheres sabem de fato o quão difícil foi conquistar alguns de nossos direitos, claro que ainda falta muita coisa, porém as mulheres de antigamente foram de uma coragem indescritível para garantir o máximo de conforto para futuras gerações. Através desse medalhão que em outro contexto seria apenas uma jóia, vivenciamos diferentes histórias, épocas e lutas. Ayelet nos mantém hipnotizados com sua narrativa rica em detalhes, surpresas, reviravoltas e personagens cativantes.
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